Dia Mundial da Água Águas Urbanas: problemas, soluções e perspectivas

Problemas no abastecimento, consumo sustentável e gestão das fontes de água no Amazonas mobilizam professores e pesquisadores do Ifam (Instituo Federal do Amazonas). A instituição de ensino promoverá debate pela internet no dia 22 de março, Dia Mundial da Água. A iniciativa é do Nupesam (Nucleo de Pesquisa em Sustentabilidade na Amazônia) e os debates serão às 18h30, no Youtube. As inscrições são gratuitas.
O temas das palestras escolhidas são: “As três faces da Bacia do tarumã- Açu: urbana, periurbana e rural”; “O crescimento urbano de Manaus e os desafios na gestão de recursos hídricos”; “Gestão das bacias hidrográficas urbanas e a importância dos ambientes ciliares”: e o “Caso Puraquequara”.
O mestre em ciências florestais e representante do Nupesam, Álefe Viana, explica que a quantidade de água que pode ser consumida pelos seres humanos é muito menor do que se imagina. Isso porque 97,5% da água disponível é salgada e 69% da água restante está em gelos e calotas polares.
“Só que ainda tem outro fator: dessa pequena parcela de 31% em estado líquido, 96% estão dispostas subterraneamente e somente 4% do que resta é o que chamamos de ‘água superficial’, que compreende os espelhos d’água nos igarapés, rios e lagos. Essa pouca quantidade não está disponível de forma igual no planeta e até mesmo no Brasil. Em muitos lugares já se tornou escassa devido ao mau uso. Um claro exemplo disso é quando comparamos os dados da Amazônia com outras regiões”, disse Viana.
Além da escassez da água, a relação humana com esse recurso tem prejudicado o cenário para todos. Viana cita a falta de tratamento de esgoto, a perda de água na distribuição e o descontrole no descarte de objetos.
“Isso está diretamente relacionado com a falta de cuidado das cidades – poder público, população e entes privados – para com os recursos hídricos. Temos tantos problemas triviais para resolver que afetam diretamente o bem-estar da população e a saúde pública. Problemas crônicos como a preservação dos mananciais urbanos, perda de água na distribuição e falta de racionalização de uso da água em nível doméstico e industrial não são discutidos e resolvidos no dia a dia”, diz.
Viana atribui essa falta de debate público à ideia errada de que há água o suficiente, principalmente na Amazônia. “A visão de abundância, aliada à grande dimensão continental do país, favoreceu o desenvolvimento de um senso de inesgotabilidade, isto é, um consumo distante dos princípios de sustentabilidade e sem preocupação com a escassez”, disse.
“Temos que chamar atenção para a conservação dos recursos hídricos, partindo do pressuposto: ‘Se temos um planeta terra em sua maior parte composta por água, como não temos água suficiente para sustentar todo o mundo?’ Água é um direito de todo”, finaliza.
Matéria da revista digital Amazonas Atual, publicada no site: https://amazonasatual.com.br/consumo-de-agua-mobiliza.../