Derramamento de petróleo na costa brasileira

Os problemas da poluição ambiental decorrem do aumento populacional do planeta e do processo de industrialização, gerando resíduos que poluem o solo, a atmosfera e a água. Dentre as atividades de industrialização, a exploração, produção, refino, transporte e comercialização do petróleo apresentam risco ambiental por serem produzidos resíduos tóxicos (Costa et al. 2007).

O petróleo pode ser definido como um líquido viscoso, em geral de coloração escura, que ocorre naturalmente, cuja composição química varia de lugar. Em geral também contém compostos de enxofre, oxigênio, nitrogênio, metais e outros elementos. É formado por uma mistura de diferentes hidrocarbonetos com diferentes pontos de ebulição, sendo matéria prima de grande importância para a economia (Millioli, 2008).

A indústria de petróleo cresce progressivamente, em consequência são liberados cada vez mais petróleo, derivados e resíduos oleosos ao meio ambiente, muitas vezes provenientes dos motores e das lavagens de tanques de navios cargueiros, petroleiros e pesqueiros, água de lastro, exploração submarina do petróleo nas plataformas, além da descarga nos portos e terminais aquaviários (Diller, 1998).

A contaminação por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) tem causado danos críticos ao ambiente e a saúde, uma vez que essas substâncias são solúveis em substâncias lipídicas (Crapez et al. 2000, 2001). Esses compostos afetam consideravelmente os organismos devido a interferirem nas propriedades estruturais e funcionais das membranas celulares, tendo como algumas alterações fisiológicas notáveis: comprometi-mento do sistema imune, reprodutivo, câncer e até a morte (Sikkema et al. 1995).
Diversas técnicas físicas, químicas e biológicas vêm sendo desenvolvi-das para remoção de petróleo derramado ou para redução de seus impactos no meio ambiente. Vale destacar que a biorremediação pode ser considerada como nova tecnologia para tratar locais contaminados mediante o uso de agentes biológicos capazes de modificar ou decompor poluentes alvos. Entretanto são poucos os estudos relacionados, destacando-se algumas patentes de invenção registradas no Brasil pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade intelectual) e no mundo.

Sabendo-se da problemática que afeta atualmente a Costa brasileira sendo analisada amostras pela Petrobrás como petróleo cru de origem estrangeira e os agravos a saúde ambiental e humana que vem causando e repercutindo a nível mundial, providencia-se nesta nota técnica orientações e medidas de segurança para a população e aos profissionais de saúde sobre os efeitos danosos à saúde.

Efeitos da Exposição por derivados de Petróleo:
Efeitos da exposição pode se dar de forma aguda ou crônica e requer atenção das autoridades, dos profissionais de saúde e da população em especial crianças e gestantes aos compostos tóxicos relacionados acima.
Inalação e ingestão. A curto prazo a inalação poderá causar dificuldades de respiração, pneumonite química, dor de cabeça, confusão mental, e náusea.
Exposição a longo prazo pode levar danos nos pulmões, fígado, rins e ao sistema nervoso, supressão do sistema imune, desregulações hormonais e infertilidade, desordens do sistema circulatório e câncer.

Recomendações à população, prevenção e principais sintomas relacionados a exposição por compostos de petróleo e derivados:
a) Não entrar em contato direto com a substância, especialmente crianças e gestantes;
b) Evitar contato com a água e solo nas regiões atingidas;
c) Seguir as recomendações da Vigilância Sanitária para consumo de peixes e frutos do mar das regiões afetadas;
d) Seguir orientações dos órgãos de meio ambiente sobre atividades recreacionais e de pesca das regiões afetadas;
e) Em caso de exposição e aparecimento de sintomas, contatar o Centro de informações Toxicológicas (0800 722 6001) e procurar atendimento médico.

Casos suspeitos e confirmados de intoxicação exógena devem ser notificados na respectiva ficha do Sistema nacional de Agravos de Notificação (SINAN), conforme determina a Portaria de Consolidação n°4/2017.

Disque-Intoxicação
A população e os profissionais de saúde contam com 0800 para tirar dúvidas e fazer denúncias relacionadas a intoxicações. O Disque-Intoxicação, criado pela Anvisa, atende pelo número 0800-722-6001. A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat).
A Renaciat é uma rede coordenada pela Anvisa, criada em 2005 pela resolução RDC nº 19. É composta por 36 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciats), espalhados em 19 estados brasileiros. Os Ciats funcionam em hospitais universitários, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e fundações. Há estados que ainda estão em processo de abertura dos centros, como Amapá, Acre, Maranhão e Tocantins.
 
Yamile Benaion Alencar
Bióloga - CRBio 16288/6D 

Referências Bibliográficas:
COSTA, A.F.S, SILVA, J.R.R., SANTOS, R.C.M.M., FARIAS, C.B.B., SARRUBO, L.A., JORDAO, R.C.C., SALGUEIRO, A.A. 2007. Obtenção de consorcio de microrganismos a partir de amostra de petróleo. Revista Ciencia & tecnologia, Ano 1, n.1.

CRAPEZ, M. A. C.; TOSTA, Z. T; BISPO, M. das G. S.; PEREIRA, D. C. 2000. Acute and Chonic Impacts Caused by Aromatic Hydrocarbons on Bacterial Communities at Boa Viagem and Forte do Rio Branco Beaches, Guanabara Bay, Brasil. In: Environmental. Pollution. Editora Elsevier, v. 108, p. 291-295.

CRAPEZ, M. A. C. 2001. Efeitos de Hidrocarbonetos de Petróleo Na Biota Marinha. In: Efeitos dos Poluentes em Organismos Marinhos. (Moraes,R.; Crapez, M. A. C.; Pfeiffer, W.; Farina, M.; Bainy, A.; e Teixeira, V. Editores). Editora Arte e Ciência – Vilipress, São Paulo, p. 255-270.

DILLER, S. 1998. Risk assessment and cost benefit techinques and management tools for oils spills prevention in Oil and hidrocarbon spills, Modelling, Analysis and control. Eds. Garcia-Martinez, R. and Brebbia, C.A. Computacional Mechanics Publications. Southampton, Reino Unido, p.253-263.

MILLIOLLI, V. S. 2008. Avaliação da potencialidade da utilização de surfactantes na biorremediação de solo contaminado com hidrocarbonetos de petróleo. Rio de Janeiro: UFRJ.

SIKKEMA, J, De BONT, J.A., POOLMAN, B.1995. Mechanisms of membrane toxicity of hydrocarbons. Microbiol. Rev., 59, pp. 201-222.